Por Adriana Martins Campos
Zootecnista, Consultora Técnica – Suplemento Mineral COMIGO
Em decorrência do pequeno volume de chuvas que tivemos neste ano e após uma sequência de geadas ocasionadas por uma onda de frio, acredita-se que até o momento, foram perdidos cerca de 50% – ou mais – da massa foliar das pastagens, principal fonte de fibra para os ruminantes.
Algumas soluções paliativas podem ajudar o produtor que não tenha se preparado anteriormente para enfrentar esse período, como: procurar parcerias de confinamentos para redirecionar os animais da fazenda, venda imediata dos animais antes que piorem o escore corporal, fornecer volumoso no cocho (feno, cana, silagem, etc) ou aproveitar o pasto e fornecer suplemento proteico ou suplemento proteico energético. Vale pontuar aqui que apenas o fornecimento de suplemento mineral não é suficiente para passar o período sem comprometer a condição corporal dos animais.
No que envolve essa última sugestão, estamos tendo a procura de pecuaristas que nos relatam supostos casos de intoxicação por ureia em animais que estão “acostumados” a ingerir este tipo de produto.
Ocorre que com a escassez da pastagem, automaticamente ocorre deficiência de fibra fisicamente efetiva na alimentação, sendo que os animais herbívoros necessitam de fibra para fazer funcionar seu sistema digestivo e, consequentemente, garantir a sua saúde e bem-estar fisiológicos.
Então há um comprometimento nas atividades de ruminação, mastigação e salivação, podendo causar distúrbios comportamentais, como apetite depravado de suplemento e assim, ocasionar quadros de intoxicação por uréia.
Por isso a necessidade de sempre fazer adaptação e de fornecer quantidades recomendadas por um técnico, de preferência, e jamais fornecer “à vontade”, pois o consumo rápido de ureia, ou em grandes quantidades (maior do que o recomendado), pode causar intoxicação nos animais.
Outro fator importante é fornecer os suplementos com espaçamento de cocho adequado, para que todos os animais possam chegar ao cocho e consumir de maneira adequada, pois quando não há espaço suficiente, os animais, dentro de uma determinada hierarquia do grupo, chegam primeiro e se alimentam à vontade, podendo ser em excesso e podem se intoxicar também.
Sendo assim, sugerimos um espaçamento de cocho de no mínimo 10 a 15 cm por cabeça para fornecimento de proteicos 0,1% do peso vivo; 15 a 20 cm por cabeça para fornecimento de proteicos 0,2% e 20 a 25 cm por cabeça para 0,3%. Se for fornecer volumoso no cocho, esse espaçamento precisa ser de no mínimo 40 cm por cabeça, dependendo do tipo do alimento.
Embora seja mais comum ocorrer em animais que estejam em regime de confinamento, o consumo elevado de carboidratos não fibrosos (como o milho), sem devida adaptação, também podem causar distúrbios digestivos como a acidose e adicionalmente em sua decorrência, outros problemas podem surgir, tais como: timpanismo, laminite, abcessos hepáticos e óbito.
Outro ponto de observação é a qualidade dos volumosos, que sofrem algum tipo de fermentação e armazenagem, e que podem conter presença de micotoxinas, que, dependendo da quantidade de toxina ingerida pelo animal, também podem causar distúrbios metabólicos e morte. Lembrando que estas não estão presentes somente na parte “embolorada” que conseguimos ver a olho nu.
Então fica o alerta, especialmente neste período de estresse alimentar, que a suplementação seja sempre fornecida com adaptação, com aumento gradativo da quantidade, para evitar a ocorrência de problemas maiores.