Diante de todo o dinamismo e intensificação da produção agrícola no Sudoeste Goiano, é chegada a hora de iniciar o cultivo da safra 2020/2021. Com o início da safra, aguardamos com grande expectativa o início da estação chuvosa, que representa também grande estímulo para incontáveis espécies de patógenos e insetos que irão habitar as lavouras. Este ciclo sazonal tem moldado as relações entre pragas, patógenos e hospedeiros que conhecemos atualmente, e também suas estratégias de sobrevivência em períodos desfavoráveis.
Mesmo com todo o avanço técnico e científico que obtivemos nas últimas décadas em relação ao controle fitossanitário, é sempre possível afirmar que prejuízos causados pelo ataque de pragas e doenças certamente irão ocorrer. Resta-nos prevenirmos da melhor forma possível e adotar medidas de controle que sejam altamente eficientes. Além disso, é fundamental saber identificar os patógenos e as pragas, e também conhecer seu comportamento com as plantas e o clima.
Em relação às doenças da parte aérea da soja, um ponto crucial para o sucesso no controle está no monitoramento constante das lavouras. É necessário conhecer bem suas áreas de cultivo, realizar um levantamento do histórico de doenças, estar atento às condições climáticas, realizar um bom tratamento de sementes para garantir estande adequado e, logicamente, elaborar um programa de aplicação de fungicidas. Este último, deve estar alinhado com todas as questões citadas anteriormente e não apenas levar em consideração os custos e combinações de grupos químicos e moléculas.
Para que o programa de aplicação de fungicidas apresente melhor eficiência de controle, é indispensável que as aplicações sejam realizadas de forma preventiva, ou logo nos primeiros indicativos de ocorrência das doenças, o que inclui as previsões climáticas e a suscetibilidade do material. Após a infecção e colonização dos tecidos, a capacidade das moléculas fungicidas em eliminar o patógeno é bastante reduzida. Temos sempre que buscar a proteção das lavouras e a manutenção do seu potencial produtivo.
Uma estratégia que tem apresentado resultados positivos é a aplicação de fungicidas em estádio vegetativo da soja, entre os estágios V3 e V6. Esta aplicação protege os tecidos de doenças que podem iniciar logo nos primeiros dias da lavoura, como, por exemplo, a antracnose (Colletotrichum truncatum), mancha parda (Septoria glycines) e até mesmo o crestamento foliar de cercóspora, ou mancha púrpura (Cercospora kikuchii). Além disso, ao realizar a aplicação antecipada, a deposição de calda, e consequentemente de ingredientes ativos nas partes inferiores da planta (que futuramente irão formar os terços inferior e médio) é favorecida consideravelmente. Já que, após o fechamento das linhas, a deposição de ingrediente ativo no baixeiro da planta é insuficiente.
Além de todos os fatores mencionados, outro ponto importante é o ajuste de aplicações em função do ciclo do material. Em cultivares de ciclo superprecoce e precoce, geralmente é necessário um número menor de aplicações em comparações com aquelas de ciclo médio ou tardio. A diferença entre o ciclo destes materiais pode ser superior a 30 dias. Assim, não é possível “engessar” um programa de aplicação de fungicidas e segui-lo como uma receita, é preciso ajustar o número e intervalos de aplicação de forma que haja proteção suficiente em todo o ciclo da cultura. Preconizando sempre pela rotação de ingredientes ativos, respeitando o número máximo de aplicações de moléculas e indicações de doses e intervalos.
O manejo de pragas da parte aérea com aplicações de inseticidas químicos é uma ferramenta muito importante e a mais utilizada atualmente na cultura da soja. Sua recomendação deve seguir os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP), aplicável em propriedades de qualquer tamanho. Manejar a lavoura no momento certo pode reduzir o custo de produção, através da redução do número de aplicações, além do menor risco para o meio ambiente. Neste sentido, não é aconselhável fazer aplicações “calendarizadas” de inseticidas ou fazer uma aplicação somente se observada a presença da praga na cultura. Torna-se, assim, indispensável um bom monitoramento da lavoura.
O monitoramento bem feito e constante é a principal chave do MIP na determinação do timing (momento) correto de aplicação. Saber o momento correto de aplicar o inseticida é tão importante quanto saber qual produto utilizar. Uma pulverização antes do timing correto aumenta o custo de produção sem necessidade. Por outro lado, se o produtor perder o timing correto da aplicação, a alta população da praga dificulta o controle, pois a eficiência acaba reduzindo. O número de insetos sobreviventes após a pulverização se multiplica novamente, aumentando de forma mais rápida a população, o que acaba gerando a necessidade de um maior número de aplicações. Tal fato pode ser exemplificado pelas perdas de produtividade na cultura do sorgo neste ano, o pulgão-da-cana-de-açúcar (Melanaphis sacchari) até então não era problema, por isso foi uma praga não monitorada, e quando foram observadas altas infestações o controle foi dificultado (aumento do número de aplicações) ou até ineficiente.
Visto estes pontos importantes para o controle fitossanitário, é fundamental realizar um planejamento para que as necessidades de rendimento operacional nas lavouras não se sobreponham a critérios técnicos para boas pulverizações. Ainda que haja um déficit evidente de pulverizadores e a necessidade de agilidade nas aplicações, não podemos colocar em risco o manejo fitossanitário das lavouras com a utilização de volume de calda reduzido, escolha inadequada de pontas de pulverização e condições climáticas desfavoráveis (temperatura elevada, baixa umidade relativa do ar e ventos fortes).
Conte sempre com os profissionais da COMIGO para auxiliá-lo no planejamento do manejo fitossanitário da sua lavoura. Os (as) Engenheiros (as) Agrônomos (as) do Departamento de Assistência Técnica (DAT) de todas as unidades da COMIGO, juntamente com os pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia Comigo (ITC), estão em constante aprimoramento e em busca de novidades para colaborar no manejo de sua lavoura, sempre em busca de maiores produtividades.
Colaboração:
Diego Tolentino de Lima, Pesquisador ITC – Manejo e Controle de Pragas (Entomologia)
Rafael Henrique Fernandes, Pesquisador ITC – Manejo e Controle de Doenças (Fitopatologia)