A COMIGO, através do Instituto de Ciência e Tecnologia COMIGO (ITC), realizou entre os dias 27 e 30 de agosto, o 18º. Workshop de Agricultura. O ciclo de debates de 2019 aconteceu nas cidades de Paraúna (27), Palmeiras (28), Jataí (29) e Rio Verde (30) e contou com público total de cerca de 800 cooperados. Foram realizadas palestras e apresentações de resultados de pesquisas feitas pela Cooperativa e seus parceiros.
De acordo com o consultor do ITC, pesquisador Antônio Eduardo Furtini Neto, a realização do evento em quatro cidades atende a ideia de regionalizar o evento. “Até 2017, o Workshop era feito em Rio Verde. Em seguida, começamos a regionalizar o evento seguindo a orientação da diretoria, para que um número maior de associados possa participar dos debates acerca das informações apresentadas”, explicou Furtini.
De acordo com ele, nas cidades escolhidas a parte agrícola é forte, sendo um dos motivos da escolha. “Além do mais, essas cidades funcionam como polo regional de apoio, suporte e de informação. É natural que elas também tenham a capacidade de congregar mais pessoas. No entanto, a gente pretende incluir outras cidades nas próximas edições, conforme a possibilidade”, ponderou.
PALESTRAS
Nesta edição do evento os participantes assistiram a três palestras. Uma, com o renomado palestrante, professor da USP e especialista em fisiologia na parte de solos, Antônio Luiz Fancelli, que ministrou a palestra ‘Manejo fisiológico e nutricional da soja para altas produtividades’.
Sobre aumentar o teto de produtividade da soja, Fancelli reforçou que “a gente melhorou bastante nos últimos anos. Saímos de 50 sacas para 60 a 70 sacas, mas a ciência entende que a soja tem um potencial genético de chegar a uma produtividade bem maior. Esse aumento vai ser obtido através de detalhes de fisiologia e do manejo da planta em si. A ideia foi trazer para os cooperados uma visão do que pode ser feito para aumentar os tetos de produtividade” [Detalhes nesta edição].
Sorgo: opção de renda
A segunda palestra foi ‘Sorgo: uma opção de renda para o produtor rural’, apresentada pelo pesquisador da Embrapa, Cícero Bezerra de Menezes. Ele frisou que tem aumentado consideravelmente o plantio de sorgo na região.
“Nesta última safra, plantou-se aproximadamente 200 mil hectares de sorgo, na safrinha, na área de atuação da COMIGO, em substituição ao milho. Isso representa um aumento de pelo menos uns 50% em relação à safra anterior”, destacou ele.
Cícero ressaltou que, entre as razões que justificam esse aumento, está o preço do sorgo. “Outro aspecto é que a indústria da COMIGO recebe o sorgo, que é utilizado para fazer ração. Outra coisa, muito relevante, é que o sorgo vem para diversificar a produção. Saindo da sucessão sempre utilizada, soja e milho, colocando no sistema uma outra cultura. O sorgo tem algumas vantagens interessantes: ele faz uma melhor ciclagem de nutrientes; é uma espécie um pouco mais rústica e tem uma menor exigência em termos de fertilidade e água. Enfim, é uma opção para que o produtor faça uma rotação de cultura e não apenas uma sucessão”, ressaltou o pesquisador.
Cicero destacou que quando se fala no sorgo como opção não quer dizer que ele seja um substituto à cultura do milho. “Na verdade, a gente quer dar mais uma opção ao produtor principalmente para o final da safrinha. O que a gente tem percebido nas nossas pesquisas e nos dados que temos avaliado é que a janela do sorgo é uma pouco maior que a do milho, iniciando no final de fevereiro a início de março. Por isso, compensa produzir o sorgo já que o risco é menor principalmente por conta dessas condições de mudanças climáticas. Então ele é mais uma opção para o produtor pelo investimento muito menor e o retorno que ele dá”, salientou.
Ele disse que culturalmente criaram-se muitos mitos sobre o sorgo. A rusticidade é um exemplo. “As pessoas às vezes citam que o sorgo é rústico, imaginam que é para ser usado em uma área onde não deve ser adubada. Isso não é verdade. A rusticidade do sorgo é devido à sua tolerância à seca. Ou seja, ele suporta melhor as situações de veranico. Ele tem algumas características na planta que permite que tolere mais este cenário de seca. É uma opção, mas o produtor não pode entender esta rusticidade como sendo uma questão de fertilizante. Muito pelo contrário, o sorgo precisa ser plantado na data certa, ser adubado e ter um manejo adequado à cultura”, explicou Cicero.
Gestão e controles
A terceira palestra foi com o pesquisador e consultor de empresa de formação profissional Rehagro, Régis Henrique Barbosa Ferreira, que abordou o tema: ‘Importância da gestão da propriedade para o sucesso na produção de grãos’.
A COMIGO fez uma pesquisa junto aos cooperados e o primeiro ponto levantado, por eles, foi exatamente sobre gestão. Esta pesquisa levantou que os cooperados gostariam de saber um pouco mais sobre a gestão em suas propriedades, para que possam acompanhar a parte de custos e retorno.
“Hoje a gente tem duas maneiras de aumentar o retorno do produtor. Uma é aumentar a produtividade e a segunda é através da redução de custos ou da otimização de custos. Para isso o acompanhamento da gestão e seus detalhes é extremamente relevante”, destacou Régis.
Para o professor, o produtor precisa se atentar, além dos aspectos técnicos, à gestão e o controle da parte financeira e econômica do projeto da propriedade. “Com as margens cada vez mais apertadas, dentro da agricultura, a gente tem que olhar que talvez o ótimo [desempenho] técnico não está casado com o ótimo [desempenho] econômico e nós precisamos fazer um alinhamento grande entre as duas partes”, justificou Régis.
Segundo ele, entre os maiores desafios para que o produtor consiga atingir este equilíbrio está no desconhecimento econômico-financeira da propriedade. “Em minhas andanças eu fico sempre observando atentamente os agricultores muito focados na parte técnica e um desleixo muito grande com a parte do fluxo de caixa, controle do caixa, controle econômico, controle de custos. Então o produtor passa a agir mais na parte emotiva do que na racional. Na hora de planejar uma propriedade ou uma empresa nós precisamos estar nos dois ambientes. Tem que ser alguma coisa que dá paixão para a gente fazer, para dar aquele interesse e aquela motivação de ir para dentro da fazenda, mas tem de ter um tanto de sistemas, de planejamento e de controle”, orientou o professor.
CREDENCIAMENTO INTERNACIONAL
Além das palestras houve ainda a apresentação de alguns experimentos e a entrega do Anuário de Pesquisas de Agricultura – edição de 2019, com os resultados das principais pesquisas desenvolvidas pelos pesquisadores do ITC e seus parceiros. Nesta edição foram publicados 22 artigos técnicos e científicos no Anuário.
Uma novidade é que o Anuário, já nesta edição, recebeu o credenciamento com o Número Internacional de Publicações Seriadas ISSN, que é um código internacional, individual e exclusivo de revistas de cunho técnico e científico.